domingo, 23 de fevereiro de 2014

A VERDADE SOBRE OS HIPERATIVOS



Passo a vocês uma resposta que dei a um comentário sobre crianças hiperactivas. Há, de facto, pessoas (e aqui incluo crianças, adolescentes e adultos) que sofrem de hiperactividade patológica.


A explicação é simples e é neurológica. No cérebro há 2 sistemas atencionais: um situa-se na base do cérebro (vou dispensar os nomes científicos) e é responsável pela vigilância (até os peixes têm); o outro situa-se  nos lobos frontais (no chamado cérebro executivo, perto da testa). Este último é responsável pelo controlo da atenção, planeamento, etc. O problema está aqui, nesta zona. 

Disfunções neurológicas de nascença (como acontece na dislexia, na epilepsia, etc) impedem que algumas pessoas tenham dificuldade em controlar a atenção e a impulsividade, levando-as a ter problemas onde seria esperado estarem mais focalizadas nas coisas.

As crianças hiperactivas também o são fora das aulas e fora de casa. Temos, porém, de retirar deste grupo os falsos hiperactivos (caso dos que têm distúrbios de comportamento por razões várias como factores educacionais, traços de personalidade e temperamento, etc.). 

TALVEZ NÃO SAIBAM que os hiperactivos verdadeiros costumam melhorar com medicamentos estimulantes ou até tomando um café.

Porque é que os hiperactivos melhoram com psicoestimulantes como a Ritalina ou a cafeína? Porque a estimulação, através de substâncias neuroactivas, vai melhorar o funcionamento de grupos de neurónios envolvidos no processo e que se mostram "preguiçosos" (passe a expressão).

Por isso é que não se resolve também com "tranquilizantes" tipo Passiflora ou Xanax (é perda de tempo e dinheiro). Trata-se pois de um problema químico, estrutural e funcional do cérebro que está bem estudado, sobretudo pelos neurobiólogos (em laboratório) e pelos neurologistas (na prática clínica).

Pode verificar-se através de imagens do cérebro e de electroencefalogramas (que medem a actividade eléctrica do cérebro). Os hiperactivos verdadeiros já nascem com esse problema. Não é adquirido por força de erros de educação ou devido a situações incómodas (como estar sentado muito tempo). 

A verdadeira hiperactividade não tem cura mas pode ser atenuada através de medicação ajustada, psicoterapia, ioga, meditação e auto-hipnose (a aplicação de tudo isto varia conforme cada caso).  

Na minha prática clínica conheci muitos hiperactivos. Sei perfeitamente distinguir um verdadeiro de um falso. O problema, hoje em dia, é que a sociedade, com todo o stress que anda no ar, torna-os mais susceptíveis ao seu problema e sofrem bastante com isso.

Mas também as outras crianças, mesmo as não-hiperactivas, acabam por serem vítimas de neuroses, depressões e insegurança (que frequentemente leva-as a serem confundidas com hiperactivas). 

Quem não acreditar nisto, o mais que posso fazer é expor com detalhe científico (e chato) o turbilhão químico do cérebro e os problemas que isso às vezes causa. Não são manias dos médicos nem dos neuropsicólogos.   (Por Dr. Nelson Lima)


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